A vida de Armando Gonçalves Martins dos Santos

 

Índice

 

 

 

 

 

 

 

Nascença e Infância

O meu pai e a irmã dele, Maria Arlete Alves

O meu Pai nasceu a 02/06/1942 em Lagares da Beira, aldeia que se encontra no conselho de Oliveira do Hospital, distrito de Coimbra.

O seu Pai, José Martins dos Santos era filho de um comerciante de porcelana e talheres em feiras. Ele tinha o mesmo nome. A sua Mãe, Maria Augusta Estefania era filha de um construtor civil e irmã mais velha entre cinco outras.

Os primeiros anos os pais dele viviam na Rua da Capela, em lagares, numa casa que antigamente era um. Foi pois lá que ele nasceu, em casa, acho eu.

A mãe dele teve a iniciativa de o meu avô retomar o negócio dos pais dele que era a venda em feiras da região.

Por aquilo que o meu Pai me contou ela até o obrigou a a fazer a carta de condução de pesados que naquela altura (anos 30) e até hoje era e é bastante dispensioso e difícil de obter. Acho que daí em diante os negócios começaram a correr bem e a qualquer altura os meus avós compraram a casa na Rua Dr. Raul Madeira, na qual viveram até à morte.

Essa casa encontra-se em frente a casa dos pais da mãe dele, a casa do “pinta-tudo” apelido que deram ao meu bisavó naquela altura. E ainda eu às vezes sou chamado (bis-)neto do “pinta-tudo”… Essa casa é bastante grande e consta de largos terrenos na traseira que foram cultivados pels meus avós quase até à morte.

Foi aí que o meu Pai cresceu e começou a ir para a escola primária. Entretanto, aos quartro anos de idade, nasceu a sua irmã, Maria Arlete Alves que ele sempre adorou imenso até à morte.

Por aquilo que ele me contou, nessas idades ele passava quase todo o dia em casa dos avós que viviam em frente, portanto do outro lado da Rua. Casa que muito mais tarde o meu Pai comprou às tias dele e passou a viver sempre quande passava as férias em Portugal. Os pais dele passavam quase todo dia e todos os dias fora em feiras vendendo as louças e talheres e só regressavam do negócio ao fim da tarde. Antigamente havia muito mais feiras que hoje pois eram os cntros comerciais daquele tempo… Portanto ele e a irmã passavam sempre a tarde com os avós e à noite dormiam em casa dos pais.

Escola e aprendizagem profissional

O meu pai na fase de jovem aprendiz da arte

Começou a ir para a escola primária que na geração de dele passou a ser 4 anos obrigatório. Na geração da minha mãe (3 anos antes) s«o eram 3 anos obrigatório. Foi lá que aprendiam de forma comprimida tantonesses 4 anos como mais tarde em 10! A escola durava todo o dia e foi lá que o meu pai conheceu aminha mãe. E já daquela idade se apaixonou por ela!

Após a escola primária, portanto aos 10 ou 11 anos de idade (1955/56) os pais dele quiseram que ele continuasse a escola mas o meu pai estava farto de tanta aprediyagem que naquele tempo era muito dura para crianças tão jovens. Para al«em de terem que estudar muito eram punidas com maltratos físicos pelos professores! Daí que os meus avós pensaram em pôr o meu pai a trabalhar na “loja do Antenor” na Rua da Igrjeja. Foi aí que ele começou a aprender a fazer contas na cabeça, habilidade que sempre foi extraordinária no meu pai. Esteve nessa loja alguns anos. Penso que tenham sido 1 ou dois anos.

Não se sentia feliz e realizado nessa loja e trabalhava quase de graça. Já naquele tempo o meu pai era bastante ambicioso e foi assim que tenha feito pressão sobre os meus avós para o tirarem dali e quando eles lhe perguntaram qual a profissão que ele queria aprender ele já sabia qual: Relójoeiro!

Os pais deles começaram a procurar uma relójoaria onde o meu pai pudesse aprender a arte e encontraram uma reelójoaria em Tondela. Naquele tempo os meus avós tinham que pagar uma fortuna para ele poder começar a aprender a arte pois pagavam também a estadia dele numa pensão e pagavam até à relójoaria para ele poder estar lá! Lembra-me ele ter contado que saio de casa para aprender a arte mais ou menos aos 13 anos !

Só após alguns anos e após alguns protestos dos meus avós ele começou a a receber um ordenado como empregado normal. Foi mais ou menos aos 16 anos pois lembra-me ver na lista dos pagamentos para a reforma que ele começou a pagar para a reforma em 1961.

Essa relójoaria e seu dono que gostava muito de conhecer foi como um segundo pai para ele pois para alé de o ensinar a arte obrigava o meu pai a ler um livro por semana e a ler o jornal. De via ter sido uma pessoa muito culta e muito bem educada. Acho que era família judaica pois lembra-me o meu pai contar que eles enviavam uma grande parte dos rendimentos da loja para Israel, que naquele tempo passava por tempos dificeis após sua independencia em 1948.

O meu pai usufruiu muito dessa gente pois abriram-lhe sua mente para a cultura e a politica.

Mais tarde o meu pai mudou para a relójoaria e ourivesaria em Oliveira do hospital para ficar mais perto da terra pois tinha lá seus amigos de infância e é claro a família. Manteve-se lá até à adolescência que naquele tempo era alcançada aos 21 anos.

Tempo militar

Infelizmanete quando o meu pai chegou à adolescencia (1966) Portugal encontrava-se em guerra colonial da forma que o meu pai teve que se recenciar como soldado em Coimbra e foi enviado para um quartel na Figueira da Foz para lá ser preparado e enviado para a Guerra nas províncias do ultramar como se chamavam as colónias no tempo do regime autorutário de António Salazar (1932 – 1968). Lembra-me o meu pai contar que nesse ano de preparação para ser enviado para a guerra muitas vezes pensou em fugir para o estrangeiro.

Havia naqueles tempos homens que passavam os fugitivos pela Espanha até à França. A Espanha naqueles tempos também era governada por um regime muito parecido ao de Portugal, o regime de Franco. Muitos jovens na situação do meu pai fugiram para a França, outros escondiam-se em barcos nos portos de mar de Lisboa ou Porto e fugiam para a Alemanha. Cheguei a conhecer alguns dos filhos e netos desses fugitivos em Hamburgo. Foram tantos os que lá chegaram nos anos 60 que formaram em Hamburgo um bairro intteiro do outro lado do porto internacional de Hamburgo. Quem visitar essa cidade, vá a esse bairro que parece Portuagl em miniatura e os restaurantes e cafés lá têm nomes como Lisboa, Coimbra, Porto, etc. Houve-se gente a atravessar as ruas a afalr Português. É impressionante o que os descendentes dos fugitivos à guerra criaram lá em Hamburgo.

Mas o meu pai apesar de ter o dinheiro para poder pagar um desses homens que o levava para a França ela naquele tempo era como a maioria da geração dele bastante patriota pois a ideia da guerra no ultramar era defender os portugiueses dos terroristas como se chamavam os lutadores pela independencia nas colónias naquele tempo.
Para além disso os pais dele tinham um negócio e ele não queria que elese sofressem com a fuga do filho.

Foi assim que o meu pai decidiu aliar como soldado e foi enviado apara a pior provincia ultramar, a Guiné-Bissau.

O meu pai chegou a mostar-me no google ao certo para onde ele foi. Era um quartel perto do rio maior da Guine, o rio Gêba, no meio do mato. As fotos que ele fez de lá parecem feitas no mato grosso do Brasil. Esse rio variava com as marés do mar.

Lembro-me de muitas histórias que o meu pai contou sobre essa época na guerra do ultramar. Foi a época mais intensiva da vida dele. Passou por muitos momentos maus e traumatizantes. Lembra-me muitas vezes o meu pai acordar ao meio da noite a gritar pois sonhava com os momentos que lá passou. Esses pesadelos aconteceram toda a restante vida até aos ultimos anos!

Foram muitas histórias e mais importante conclusões sobre aquela fase que ele me contou. Muitas e muito interessantes que explicam quase tudo o que naqula altura aconteceu em Portugal e que explicam até o que está a acontecer hoje em conflitos internacionais!

Eu irei acrescentando, sempre que poderei, as histórias sobre esta fase, conforme me lembrarei. Talvez criarei um capítulo próprio para esta fase pois são histórias sobre fatos que são pouco conhecidos em Portugal e pior aínda continuam um tabú falar sobre eles nos dias de hoje, pois muitas das pessoas daquele tempo ainda são vivas e não gostam que se saiba a verdade.

Fase interditária em Coimbra

Após regressar à Metroplole, como se chamava Portugal Continental naquele tempo (1969) o meu pai regressou à casa dos pais em Lagares da Beira e retomou o emprego na relójoaria Moreira em Oliverira do Hospital. Naquele tempo os empregadores eram obrigados a guardar o emprego aos soldados até regresarem da guerra.

Por aquilo que ele me contou ele nessa altura encontrava-se numa disposição de festejar a liberdade. Tinha emagrecido muito peso pois o último ano na Guiné tinha passado fome. Daí que os meus avós tinham todo o gosto em voltar a restabelecer a gordura do meu pai. Naquele tempo e aínda hoje muita gente nas aldeias confunde gordura com saúde e até com beleza.

Nessa fase o meu pai retomou o namoro com a minha mãe pois era o grande amor dele desde jovem. Continauram-se ae a escrever durante a guerra. A minha mãe er uma entre várias madrinhas de guerra do meu pai. Para além disso o meu pai andava todos dias com a rapaziada da geração dele em festas. Acho que quase todos os dias. Percebe-se bem uma vez que escapou sem grandes ferimentos à guerra na qual esteve quase dois anos!

A minha avó não gostava nada de ver o filho nessascondições. Chegar quase todas as noites a casa muito tarde vindo das festas e encontros com os amigos. Eles ( os meus avós) trabalhavam nas feiras e quem anmda nessa vida tem de se levantar muito cedo para poder chegar cedo às feiras que começam muito cedo. Para além disso o meu pai andava a namorar a minha mãe e a minha avó não gostava da minha mãe. Acho que por razões da minha mãe não ser rica. A minha avó sempre deu muito valor a valores materiais e queria que seu filho casasse com uma rapariga rica.

O meu pai contou-me que naquela altura teve muitas zangas com a mãe. Acho que com o meu avô não teve os mesmos problemas. Os Martins masculinos sempre têm sido mais calmos e tolerantes. Chegou a dizer ao meu pai que estava do lado dele e que ele é que tinha que saber de quem gostava. A teimosia e histería da minha avó aumentava de semana pra semana e nem o marido dela nem o meu pai consiguiam acalmar-la.

Daí que o meu pai tenha decidido sair de casa e casar com a minha mãe. Arranjou um novo emprego em Coimbra vomo viajante comercial para equipamentos de toda a espécia para relójoarias. Recebeu um carro da empresa (Renault 4L) para viajar por todo o país. E para se poder casar arranjou um apartamento em Coimbra, em Matosinhos, do outro lado do rio Mondego para poder levar a minha mãe para lá poderem viver juntos após casados. Acho que nessa data eu já vinha a caminho na barriga da minha mãe e eles ainda não estavam casados…

A minha avó não gostava nada de ver o filho nessascondições. Chegar quase todas as noites a casa muito tarde vindo das festas e encontros com os amigos. Eles ( os meus avós) trabalhavam nas feiras e quem anmda nessa vida tem de se levantar muito cedo para poder chegar cedo às feiras que começam muito cedo. Para além disso o meu pai andava a namorar a minha mãe e a minha avó não gostava da minha mãe. Acho que por razões da minha mãe não ser rica. A minha avó sempre deu muito valor a valores materiais e queria que seu filho casasse com uma rapariga rica.

O meu pai contou-me que naquela altura teve muitas zangas com a mãe. Acho que com o meu avô não teve os mesmos problemas. Os Martins masculinos sempre têm sido mais calmos e tolerantes. Chegou a dizer ao meu pai que estava do lado dele e que ele é que tinha que saber de quem gostava. A teimosia e histería da minha avó aumentava de semana pra semana e nem o marido dela nem o meu pai consiguiam acalmar-la.

Daí que o meu pai tenha decidido sair de casa e casar com a minha mãe. Arranjou um novo emprego em Coimbra como viajante comercial para equipamentos de toda a espécia para relójoarias. Recebeu um carro da empresa (Renault 4L) para viajar por todo o país. E para se poder casar arranjou um apartamento em Coimbra, em São Martinho do Bispo, do outro lado do rio Mondego para poder levar a minha mãe para lá poderem viver juntos após casados. Acho que nessa data eu já vinha a caminho na barriga da minha mãe e eles ainda não estavam casados…

A minha avó infelizmente opôs-se ao máximo contra essa decisão do meu pai, a pontos que nem ela nem o marido dela foram ao casamento dos meus pais.

O casamento foi realizado em Coimbra na Igreja da Sé Velha. Só foram os pais da minha mãe e a avó dela. Mais um amigo colega do meu pai e uma tia Alzira que vivia e trabalhava com um bispo de Coimbra. Infelizmente não existem fotos alguns deste casamento pois o rôlo da máquina que naquela altura tinha que ser enviado para um laboratório despareceu no correio. Coisa que infelizmente aínda hoje acontece…

Após o casamento os meu pais viviam em seu apartamento em São Martinho do Bispo. Aminha mãe durante a semana e havia alturas que eram até duas semanas seguidas ficava sozinha comigo no apartamento e o meu pai viajava devido ao emprego por quase todo o país. É dessa altura que o meu pai obteve conhecimentos geográficos excelentes de Portugal. Conhecia qualquer local em todo o país, desde que esse local tivesse uma relójoaria.

Manteve-se assim esta situação durante 3 anos. A minha mãe sofria bastante com essa situação pois apesar de o meu pai escrever todos os dias uma carta para a minha mãe de todo o lado de Portugal (era o whatsapp daquela altura…) a anunciar qual o local para o qual viajará nos próximos dias, ela sentia-se bastante só e quando havia algum problema comigo ela rlhava bastante com o meu pai quando ele regressava ao fim de semana para casa.

Tantas vezes a minha mãe ralhou com ele que ele decidiu mudar a vida. Lembra-me ele contar que as discussões eram bastante fortes a pontos de ele sair de casa para esperar que a minha mãe se acalmasse mas muitas vezes não ajudava pois a minha mãe quando se enerva só dificilmente se acalma…

O meu pai fartou-se das discussções e decidiu usufruir dos largos contactos que ganhou em todo o país – como escrevi chegou a conhecer quase todas as relójoarias em todo o país. Formou uma oficina completa em casa com todos as ferramentas e aparelhos necessários e pediu às relójoarias de todo o país que lhe enviassem relógios para ele arranjar em casa. E assim começou a receber várias encomendas diáriamente de todo o lado e a reenviar os relógios por correio após arranjo. Tinha muito trabalho e estava todo dia em casa ocupado com o arranjo dos relógios.

O problema que surgiu nessa fase (1972/73), segundo o que me o meu pai contou foi que apesar de ele ter muito que fazer os pagamentos dos arranjos só surgiam muito retardados e havia meses que o dinheiro quase não chegava para viver. Houve-se aínda hoje falar de muitos empresários por própria conta que também têm o mesmo problema.

Para agravar aínda mais a situação começaram nessa altura a surgir os primeiros relógios a quarzo que não continham peças mecânicas e daí um arranjo desses mesmos não necessitava de um relójoeiro como o meu pai. No máximo necessitavam de uma pilha nova…

Ao ver esta situação agravar o meu pai decidiu já um pouco deseperado emigrar para o estrangeiro. 

Emigração para Alemanha

Entre várias opções ele decidiu emigrar para a Alemanha porque vivia lá já há alguns anos um tio em Colónia. O tio Mota, marido da tia Lúcia, irmã da mãe dele. Combinou com ele e candidatou-se para a emigração. Naquela altura só deixavam emigrar quem tivesse o serviço militar concluido a bem, o que era o caso do meu pai. A Alemanha nesse ano teve uma grande crise económica ao fim do ano devido à subida dos preços do combustivel e terminou em 1973 a emigração contratada.

Com um contrato de trabalho na mão o meu pai aterrou no Verão de 1973 em Dusseldorf. Apresentou-se ao trabalho e começou a trabalhar como servente às mesas num café da cidade. Vivia num quarto dum hotel juntamente com outros emigrantes. Não gostava do trabalho uma vez que ele tinha aprendido uma arte boa de relójoeiro. A maioria dos emigrantes portugueses emigrantes nessa altura não tinham aprendido alguma arte profissional.

O meu pai aproveitou a situação para aprender a língua e começou a esutuadar a possibilidade de encontrar outro emprego. Infelizmente tinha assinado o contrato com aquele empresário e naquela altura os emigrantes que assim chegavam à Alemanha não podiam sair previamente do contrato de trabalho por durante no mínimo um ano.

Ele começou a informar-se melhor no consulado português e advogados. Naquela altura não havia quase nenhuma ajuda concedida aos emigrantes, nem sequer por parte das entidades conulares portuguesas. Ele acho que encontrou um médico que lhe deu alta por doença a partir de certa altura. Um advogado ajudou-lhe a sair daquele contarto que tinha na condição de arranjar novo emprego com contarto. Conseguiu um novo emprego numa firma metalúrgica em Burscheid, a Goetze AG. Firma que produzia anéis para cilindros de motores. Essa firma situa-se a mais ou menos 50 km da cidade onde estava. Conseguiu um apartamento de duas divisões em Wermelskirchen a 10 km do lugar de trabalho para viver. Tudo isso em principio de 1974.

Sendo assim o meu pai viu-se na possibilidade de requerer o consentimento das autoridades alemãs para poderem a minha mãe e eu juntar-se com ele. Não foi fácil conseguir-lo pois após a crise de 1973, a qual fez surgir na Alemanha uma proibição de transitar de carro aos domingos! Daí em diante a Alemanha não queria mais emigrantes a viverem no país aínda menos possibilitar-lhes a vinda dos seus familiares! Todos os emirantes que naquela alturae também posteriormente vieram eram chamados em alemão “Gastarbeiter”, palavra composta por duas partes: “Gast” significa visita ou hóspede e “Arbeiter” siginfica trabalhador, portantnto já a palavra implica que um hóspede a qualquer altura deverá ir embora. Coisa qu não aconteceu com quase todos os emigrantes. Um dos maiores erros da política alemã terem tido a convicção que os emigrantes voltassem brevemente a regressar aos países donde vinham.

Hoje essa primeira geração que veio a partir dos anos 50, 60 aínda hoje vivem na Alemanha e já sáo avós da terceira geração que está intreiramente e perfeitamente integrada na sociedade alemã. É considerado isto um grande sucesso da integração social, mas para dizer a verdade os alemães pouco ou nada fizeram para que isto tenha sido um tal sucesso!
Porexemplo o meu pai de mais ou menos 500 marcos que ganhava ao principio por mês investiu da própria conta 10 marcos por mês num curso de língua alemã ! Não havia e nunca houve até aos anos 90 cursos de língua alemã para os emigrantes pago pelo estado almão! Porquê? É fácil, lembramo-nos do que escrevi sobre os “Gastarbeiter” no parágrafo anterior: quem investe muito esforço em ensinar a língua a alguém que só está oficialmente de visita breve?

Entretanto acontece em Portugal o 25 de Abril. Portugal entra em cáos total. Os comunistas geram grande parte do país.
Tentam expropriar os ricos e fazer de Portugal uma segunda Cúba! Por um triz que as tropas espanholas e americanas que estavam prontas perto da fonteira de Portugal não invadiram Portugal! Pouca gente sabe este pormenor! Foram os militares portugueses que após perderem os privilégios que tinham muitos anos durante a guerra colonial que dicidiram livrar Portugal da ditadura ao 25 de Abril. Não tiveram essa ideia antes, durante quase 14 anos de guerra em vários países com milhares de mortois e lezados, pois durante esses anos ganharam superiores militares fortunas durante a guerra. A prova dessas fortunas, todos podem admirar ainda hoje se perguntarem quem montou alguns dos hóteis mais famosos no Algarve dos anos 60 e 70 e noutras partes do país também.

Até essa altura o meu pai ainda estava muito indiciso se deveria chamar sua família para a Alemanha pois a minha mãe não queria. Ela sempre foi contra a emigração. Uma vez, era ela rapariga nova, rejeitou um namoro com um rapaz que até gostava porque ele queria emigrar para a África do Sul. Ao acontecer o 25 de Abril o meu pai viu que a pátria não tinha futuro, nem para ele, nem para nós como família. Assim até a minha mãe assinou de livre vontade o consentimento para a emigração. Facto que ela nuca se cansou de mencionar pois sempre se arrependeu ter-lo feito.

Acho que foi em Maio de 1974 que a minha mãe e eu chegámos de avião à Alemanha. Ela sempre disse que nesse dia fico chocada com o frio e a escuridão da Alemanha. Achou o apartamento feio a comparar com o que tinha em Coimbra.

Eu não fui para a creche porque a minha mãe não queria que eu andasse sozinho entre pessoas que ela não compreendia.

Vida na Alemanha

Os primeiros anos na Alemanha foram bastante dificeis pois os caminhos para o trabalho eram feitos em transportes públicos e nem o meu pai nem a minha mãe sabiam falar alemão. Tinham enorme dificuldade em resolver qualquer problema que surgisse. Havia naquela altura muitos portugueses que tinham emigrado para a Alemnanha e formavam uma rede social na qual se ajudavam uns aos outros. Havia um centro cultural onde se encontravam aos sábados para jogar cartas e almoçar ou jantar e ouvir umas músicas portuguesas. Tinham-se formado em algumas cidades ranchos populares que se vestiam com trajes regionais e apresentavam suas danças em festas não só portuguesas.

O meu pai náo gostava do ambiente que havia nesses centros culturais porque segundo o que ele contava havia muita inveja entre os portugueses e havia muitas zangas e curiosidade de saber toda a vida de qualquer um. Daí que o meu pai apesar de ser membro e pagar sua contribuição todos os anos raramente ia a esses centros. Preferia dscansar ao fim de semana em casa e sentar-se à mesa e arranjar relógios de pessoas amigas.

No máximo encontravam-se aos sábados com amigos portuguese em casa deles e faziam um bom almoço e ou jantar em conjunto à portuguesa onde se comia os chouriços da terra que tinham trazido nas malas. Eu era pequeno e lembra-me bem dessas festas. A minha mãe fazia sempre um bolo enrolado para levar quando se visitava os amigos. Principalmente eram três famílias que os meus pais visitavam. A família dos Belmiros a família da Dilar e do João (colegas de trabalho) e a família do Ernesto e Ernestina todos eles com filhos da minha idade. Eram festas bem divertidas com uma mistura de música portuguesa e alemã. Houvia-se Gilberto Gil, e os Bee Gees e Dschinghis Khan, tudo à mistura, tudo em cassetes…

O meu pai logo nos primeiros anos começou a trabalhar num segundo lugar de trabalho, o que fez até à reforma.
Os primeiros anos trabalhava numa fábrica de produção desalcichas. O que ele lá fazia não sei ai certo, só me lembro que às vezes trazia algumas para casa, mas raramente pois ficou angustiado com o processo da produção. Disse muitas vezes que utilizavam carnes já apodrecidas para fazer salsichas…

Após alguns anos nessa fábrica de salcichas conseguiu um outro trabalho segundário numa fábrica de carimbor de aço. São carimbos que ainda hoje são utilizados para carimbar chapas de aço com letras de todo o tipo, A firma onde ele trabalhava chamava-se MASUS e tinha o patento nesses carimbos. Essa firma foi vendida nos anos anos 80 a outra que produzia

Portanto o meu pai trabalhou quase toda a sua vida de trabalho na Alemanha, mais de 37 anos, em dois lugares de trabalho, duas fábricas ao mesmo tempo! Saía de manhã às 5 e meia da manhã de casa para começar às 5:45 na firma principal de anéis para cilindros e regrassava a casa às 14 horas. Almoçava em casa o que sempre foi muito importante para ele, comer bem em casa e não na cantina. Depois começava às 15-15 e meia no segundo lugar de trabalho e só regressava às 22 horas à noite casa. Dia após dia. Ao escrever isto quase que eu próprio não consigo acreditar isto, mas eu próprio vi e é a verdade. Nunca vi ninguém no mundo que tivesse trabalhado tanto como o meu pai.

Pessoas que como ele trabalham muito e alcançam muito criam enorme inveja noutras pessoas que ou porque não conseguem ou não querem se esforçar tanto. Observa-se este fenómeno em todo o lado e calculo que sempre houve este problema. Os outros emigrantes portugueses que o conheciam começaram a observar este enpenho do meu pai e começaram a criticar-lo. Que era ganancioso demais, que era fanático, que não era normal, pois nó aliva com eles a beber e jogar cartas quase todos os dias no centro cultural, etc, etc… Foi essa a razão pela qual o meu pai decidiu distanciar-se da maior parte dos conpatriotas daquele tempo, pois para além de mostrarem descaradamente de ano para ano cada vez mais sua inveja eram pessoas que tinham menos cultura que os meus pais. A maior parte deles nem uma profissssão tinha aprendido.

 

Fase Final e morte

Em Setembro de 2019 os meus pais decidem como todos os anso viajar da Alemanha para Portugal e passar lá umas férias merecidas. Voam para Lisboa e viajem para de Lisboa para o Norte, para Lagares da Beira. Visitam lá a família e reactivam o carro que tem ficado sempre na garagem da casa dos meus avós. Estão lá um mês ou mês e meio. Depois seguem para o Algarve onde têm uma casa na freguesia do Parchal para poder passar umas férias na praia. Em Dezembro eu vôo também para Faro para passar o Natal com os meus pais emcasa deles. Logo no dia de Natal o meu pai começa pela manhã a sentir-se mal. À noite após o jantar começa a ter tonturas e cai na casa de banho. No próximo dia decidimos ir ao médico onde lhe é diagnosticado que os pulmões estão bastante afectados. È-lhe receitado um antibiótico. Ao outro dia quase que não se conseguia levantar e falar. Foi aí que eu decidi levar o meu pai ao hospital particular de Alvor onde então lhe foi diagnósticado uma pneumonia forte, já numa fase crítica. O que não consegiu diagnosticar o médico no dia antes… ficou assim para uma semana no hspital a receber oxigénio e apar ser observado e curado. Regressou princípio de Janeiro para casa mas aínda um puco fragilisado com a indicação de se estimar ao máximo para acabar de recuperar totalmente. Eu então regressei à Alemanha onde vivo.

Decidimos assim que o meu pai ficasse ainda algum tempo em Portugal para poder recuperar totalmente. Ao fim de Fevereiro começou em todo o mundo a pandemia do COVID. Todo mundo entrou em pânico. As pessoas mais afetadas eram os idosos e os doentes graves. Os meus pais começaram a ter medo. Eu também. A minha mãe entrou em fase de pânico. Não queria sair de casa e tinha medo de pegar em qualquer obeto que viesse de fora. Para pegar no dinheiro vestia luvas ou deinfetava as moedas com alcool. Nessa altura eu telefonoava 5 fezes ao dia com os meus pais para saber se tudo estava bem e para acalmar a minha mãe que temia que eu pudesse adoecer apesar de quem devia ter mais medo de adoecer eram os idosos mas a minha mãe sempre teve muito medo exagerado de eu estar em perigo.

Nessa altura começaram a escassear os vôos em todo o mundo. Agravando este fato os índices de infecção subiram na Alemanha muito mais que em Portugal e especialmente no Algarve onde os meus pais estavam existiam os índices mais inferiores de quase toda a Europa. Daí que eu próprio tenha aconselhado os meus pais a permanecer em Portugal, ainda mais porque o meu pai ainde se encontrava fragilizado com a pneumonia que sofreu em Dezembro.

Depois surgiu o que já se temia, não havia mais vôos para a Alemanha. Infelizmente o pãnico da minha mãe devido à pandemia agravou muito e tornou-se doentio, o que se chama neurose.
Várias medicações foram tentadas para curar esta neurose mas nenuma delas teve sucesso. O meu pai tentou tudo para encontrar um psicoterapeut que se dedicasse ao tratamento da minha mãe mas não encontrou ninguém, nem no hospital nem a pagar privadamente. Somente receitavam medicamentos psicofarmacos fortes sem controlo certo da situação da minha mãe. Quando eu pude voltar a voar com muita dificuldade em encontrar um voo no fim do ano de 2020 encontrei a minha mãe em condições psicolõgicas péssimas que me envergonho de descrever aqui nesta página. Eu dou culpas ao sistema medicinal português que não tem condições para poder tratar de pessoas com a indicação da minha mãe.
O meu pai desesperava quando falava comigo ao telefone. E eu também pois não sabia o que lhe aconselhar. Custa-me muito escrever sobre esta fase pois senti-me incapaz de ajudar os meus queridos pais nessa altura o que me provoca uma grande tristeza e nunca essa ferida na minha memória irá sarar.

Uma vez que a minha mãe nestas condições não podia voar ou viajar doutra forma tivemos a ideia de tentar viajar só nós três no carro do meu pai para a Alemanha e procurar ajuda no sistema medicinal alemão que é muio melhor que o português. Para isso decidi fazer uma consulta num clinica dos nervos em Olhão com a intenção de um médico lá receitar à minha mãe um acalmante forte que a acalmasse de tal forma que pudesse aguemtar a viajem de carro até à Alemanha. Infelizmente nesse dia no principio de Janeiro de 2021 ao vestir-se para ir para a consulta a minha mãe caíu e partiu osso do fémur. Teve que ir para o hospital de Portimão para ser operada. Naquela altura encontravam-se todos os dias dezenas de ambulâncias em frente às emergências devido à situação muito grave da pandemia. Foi assim que aminha mãe só foi operada ao quinto dia permanecendo todo o tempo na sala de emergência à espera da sua vez.

Devido situação da pandemia estava todas a capacidade de médicos concentrada no tratamento dos que tossiam e eram suspeitos de ter COVID.

Mais tarde disseram-me que por a minha mãe só ter sido operada tão tarde (ao quinto dia) é uma das razões principais que a minha mãe tivesse ficado permanentemente imobilizada. Após algumas semanas teve alta do hospital e seguiu para durante meses para um hospital de recuperação onde primeiro começou a recuperarar da situação dos ossos mas depois agravou bastante da situação de concentração de águas no corpo. Toda a medicação jã não resultava da maneira que o meu pai decidiu transferir a minha mãe para o hospital particuçlar de Alvor uma vez que ele lá foi bem tratado um ano antes. Apesar de lá conseguirem recuperar minha mãe da parte das águas as despesas foram enormes que esse hospital provocou. Naquela altura a despesa base por dia para tratamento intesivo era 370 euros. Mas o hospital cobrou quase 1000 euros por dia ao meu pai! Após quase 6 semanas de estadia cobraram assim cerca de 50.000 euros como despesa ao meu pai. Ele entregou o caso a um advogado pois ninguém consegue perceber como surgiram essas despesas colossais! O hospital de Alvor devia envergonhar-se ao apoveitar-se dessa forma da situação de uma pessoa doente.

Após regressar a casa o meu pai já tinha remodulado a casa para poder oferecer condições para tratar da minha mãe.
Transformou a casa de banho e organisou um serviço de tratamento domiciliário aos idosos. Mas esseserviço só vinha duas vezes por dia para lavar a minha mãe e trazia comida a casa. Comida que nem ao meu pai nem à minha mãe agradava. Daí que o meu pai não só tinha que cozinhar ou organizar comida como também levar a minha mãe muitas vezes ao dia para a casa de banho. Quem já tentou levantar uma pessoa imobilizada sabe que é um grande esforço levantar uma pessoa do sofá para a cadeira de rodas e da mesma para as sanitas e vice versa. Eu vi o meu pai com 76 anos realizar todo esse esforço no final de 2021 aquando estive novamente com eles e pedi que o meu pai tomasse a decisão de colocar a minha mãe num lar para que profissionais pudessem tratar dela e ele pudesse recuprarar pois eu vi que o meu pai já tinha bastantes dificuldades em arranjar forças para mover a minha mãe.

Mas o meu pai não teve a coragem e o coração de tomar essa decisão. Apesar de terem tido toda a vida decutido bastante um com o outro .(a minha mãe culpava-o de tudo o que achava errado na vida dela…) era um amor muito profundo que o meu pai sentia pela minha mãe pois já se tinha apaixonada por ela na idade da escola primária! Pela menos a minha mãe conta que ele mal aprendeu a escrever já lhe escrevia cartas de amor.

Foi assim que no ano de 2022 asituação se manteve e eu pensava que tudo se estava a estabilizar, tanto a situação psicológica e física da minha mãe como a do meu pai quando recebo no dia 23 de Novembro um telefonema do serviço que de manhã ia ter com a minha mãe para alavar que o meu pai tinha falecido em casa. O médico e a polícia diagnósticaram que o meu pai teve um AVC e caiu no chão aquando leavava a minha mãe para a casa de banho.

Foi o maior choque da minha vida. Fiquei quase incapaz de pensar ou agir. Pessoas amigas organisaram a minha mãe poder ser deslocada para um lar particular em Portimão onde se encontra até o dia de hoje.

O meu pai morreu da forma que sempre viveu, a lutar. Sempre lutou na vida dele. Deu sempre o máximo de sua força ou para bem dele quando começou a aprender a arte de relójoeiro aos treze anos ou para bem da nação nos dois anos de guerra na Guiné ou como trabalhador emigrante a trabalhar em duas firmas ao mesmo tempo 12 a 14 horas de trabalho por dia e por fim a lutar pela sua amada mulher.

Eu nunca vi uma pessoa como o meu pai. Muito alcansou quase sozinho. Poucou gozou na sua vida. Pessoa fiável, generosa sempre pronta a ajudar um amigo. Fiel à mulher e à família. Com opinião firme e forçca de vontade infinita.

Na sua pedra da campa no cemitério de Lagares da Beira econtra-se um relógio com um mostrador sem horas, pois ele sempre disse que foi ele que o inventou em 1960 e porque para pessoas como o meu pai a memória é eterna.

Serve-me de grande exemplo. Nunca lá chegarei à capacidade do meu querido pai.

Sempre te amarei meu querido pai, nunca te esquecerei.